Como falar de morte com as crianças – II
Dando continuidade ao artigo anterior, vamos abordar agora sobre os cuidados que os adultos devem ter ao comunicar às crianças notícias de morte.
- Não dizer meias-verdades
Não prometa que quem morreu vai voltar, porque a criança, nessas horas, já tem dificuldade para distinguir a fantasia do real. Não é prudente dizer a uma criança, que tenha perdido seu irmãozinho, por exemplo, que Deus, por muito amar as crianças, o levou para o céu. Isto poderia gerar uma grande mágoa contra Deus, o que poderia se transformar mais tarde, numa autêntica depressão psicótica, como acontece, por exemplo, a uma menina que recebeu este tipo de orientação e quando mulher, perdeu um filho.
- Ajude a criança a descarregar seus sentimento
A criança precisa aprender a descarregar seus sentimentos, sejam eles quais forem. Devemos lembrar-lhes das coisas boas e do amor que a pessoa que morreu tinha por elas. A tristeza é uma reação natural e precisa ser expressada (chorar é bom, traz um imenso alívio). Infelizmente, temos presenciado, com certa freqüência, pessoas tentando conter o choro de alguém que perdeu um ente querido. Isto é um absurdo. Como não chorar a morte de uma pessoa querida? Diante de tal situação, o mais prudente seria confirmar aquele choro, dizendo à pessoa enlutada que suas lágrimas são reveladoras do amor e da estima dedicados àquele que partiu. Dizer também, que entende aquela dor.
Em seguida, tentar confortar a pessoa com a esperança da vida eterna, prometida a todos os que, em vida, amaram a Jesus Cristo.
Quando os sentimentos são comunicados sem ser reprimidos, quando há liberdade para se chorar, sem recriminação, quando a esperança cristã é oportunamente lembrada, a pessoa (tanto crianças como adultos) pode aceitar, com mais otimismo, a morte de um ente querido.
A criança também deve ser estimulada a falar de suas lembranças a respeito daquele que morreu. Se para algumas pessoas isto pode ser sentido como um prolongamento da dor da perda, para outras, serve como alívio.
- Evitar os detalhes mórbidos
Além de não ser importante para a criança, pode causar-lhe muitas dificuldades. Os adultos devem procurar ver as coisas do ponto de vista da criança e não impor-lhe os seus problemas sofisticados à sua maneira de pensar.
À criança falta-lhe maturidade para compreender certas situações da vida, e existem coisas que o mundo infantil percebe de modo bem diferente do mundo adulto. De modo que, certas verdades, precisam ser bem medidas antes de serem comunicadas a uma criança, a fim de não se correr o risco de deformar a sua compreensão dos fatos.
- Evitar a atitude de desespero
Ao comunicar a morte para uma criança, devemos evitar o ar de desespero, como se o mundo todo estivesse desabado. Isto não significa que tenhamos de esconder dela as nossas lágrimas e até fingir que não estamos sofrendo. O fato de nos vir chorando pode dar a criança a compreensão real do que sentimos com a morte de uma pessoa querida. A morte nos causa dor, tristeza, nos faz sofrer, o que é próprio da existência humana.
Por outro lado, o desespero de um adulto diante da morte pode levar a criança a imaginar que a sua vida está profundamente ameaçada, e isto, a torna muito insegura. Diante da realidade da morte na família, o adulto deve comunicar o fato à criança, procurando, mesmo em meio à dor do momento, usar um timbre de voz moderado e dizer que todos estão sentindo a dor daquela separação.
É aconselhável falar também a respeito de como acreditam que aquela pessoa que morreu esteja agora, diante de Deus. Enfim, assegurar à criança presença, carinho e proteção, que ajudarão a superar melhor a perda experimentada.
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Por: Risan-Joper