Abuso sexual no meio evangélico

22 de abril de 2019

abus“Lá como cá, más fadas há”.

Não. Eu não acredito em duendes, nem em fadas.

É bom começar assim o meu artigo.

Estou apenas aproveitando o ditado popular para tocar num assunto, por demais, constrangedor e difícil de ser tratado.

É a questão do abuso sexual no meio evangélico, especialmente envolvendo pastores, diáconos e líderes.

Usei o adágio popular apenas para lembrar que a questão do abuso sexual e da pedofilia não é apenas algo existente na Igreja Católica.

Temos acompanhado pela mídia a dor de cabeça que este assunto tem trazido ao Papa Francisco e cúpula do Vaticano.

Mas, e no nosso meio, o evangélico, será que não temos este tipo de problema?

Será que isso só acontece no lado de lá dos cristãos?

Não é o que parece quando lemos uma reportagem publicada recentemente sobre o assunto envolvendo a Convenção Batista do Sul.

Segundo o site de notícias Houston Chronicle, desde 1998 mais de 380 pastores, diáconos, professores de EBD ou voluntários das igrejas da Convenção Batista do Sul foram condenados, acusados ​​com credibilidade e processados ​​com sucesso, que confessaram ou renunciaram. 220 fizeram acordos judiciais ou seus processos estão pendentes. Existem cerca de 700 vítimas arroladas.

Muitas das vítimas eram adolescentes que foram molestadas, enviaram fotos ou textos explícitos, foram expostos a pornografia, fotografados nus ou repetidamente violados por jovens pastores. Algumas vítimas, a partir dos três anos foram molestadas ou estupradas em gabinetes pastorais e nas salas de aula da escola dominical. Alguns eram adultos – mulheres e homens que buscavam orientação pastoral e, em vez disso, disseram que foram seduzidos ou abusados ​​sexualmente.

O assunto é triste, sério, delicado,  grave e merece atenção.

E aqui, temos casos de abusos sexuais?

Nos encontros com pastores, de quando em quando,  ouvimos histórias neste sentido.

Há um ano eu ouvi de um homem, já na meia idade, um relato repugnante. Contou-me que enquanto era adolescente, numa igreja evangélica no Rio de Janeiro, foi molestado pelo pastor. Não somente ele, mas outros meninos de sua época. O tal pastor já era figurinha carimbada, tendo praticado esse comportamento repugnante e condenável em outro Estado. Caso ainda não tenha morrido, com certeza continua fazendo vítimas por onde tem passado.

É hora de levantarmos esse tapete e verificar se tem alguma sujeira por baixo dele, em nosso meio evangélico.

É hora das instituições que reúnem pastores se debruçarem sobre o tema e adotar políticas claras, sem apadrinhamento, corporativismo ou jogar o manto da proteção sobre esses lobos vestidos de pastores.

É hora de adotarmos programas de prevenção afim de tornar nossos templos e organizações de meninas e meninas mais seguras.

É hora das organizações que trabalham com mulheres, nas diversas denominações, tratarem deste tema com as mulheres e encorajá-las a denunciarem casos e tentativas de abusos sexuais.

Deus está esperando do seu povo atitudes corajosas neste sentido.

Abuso sexual e pedofilia são crimes e precisamos dizer isto bem alto em nossas denominações evangélicas, caso não queiramos de ser taxados de omissos no futuro.

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Gilson Bifano
Diretor do Ministério OIKOS. Escritor, palestrante, com sua esposa, Elizabete Bifano, na área de casamento e família.
oikos@ministeriooikos.org.br
Siga-o no instragram: @gilsonbifano

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